Análise do Poema “Poveirinhos” de António Nobr
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Análise do Poema
Poveirinhos! meus velhos pescadores!
Na água quisera com vocês morar:
Trazer o lindo gorro de três cores,
Mestre da lancha Deixem-nos
passar!
Far-me-ia
outro, que os vossos interiores
De há tantos tempos devem já estar
Calafetados
pelo breu das dores,
Como esses pongos em que andais no
mar!
Ó meu Pai, não ser eu dos poveirinhos!
Não seres tu, para eu o ser, poveiro,
Mailo irmão do "Senhor
de Matosinhos"!
No alto mar, às trovoadas, entre gritos,
Prometermos, Si o barco
fori intieiro,
Nossa bela à Sinhora dos Aflitos!
Tema: O trabalho dos pescadores, O desejo
do sujeito poético de ser como eles
Assunto: Neste
poema, o sujeito poético louva os pescadores através de uma enunciação, ou seja,
do desejo de ser como eles (v.2 /v.9). Com efeito, o “eu” poético vai elogiando
os pescadores destacando o quão árduo é o seu trabalho (v.12). Por fim, o
enunciador demonstra ainda, de forma subentendida, dirigindo-se ao pai, a
frustração que sente por não ser um “poveirinho” (vv. 9-11).
Recursos Expressivos: Este soneto, apresenta diversos
recursos expressivos. Dentre eles estão:
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Hipérbole- “No
alto mar, às trovoadas, entre gritos” - (v.12) - Este recurso é utilizado com
intuito de salientar o perigo que os pescadores passavam em alto mar, elogiando
assim o seu trabalho.
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Metáfora- “Na
água quisera com Vocês morar” - (v.2) - Este recurso é utilizado com intuito de
enfatizar o desejo do sujeito poético de ser um poveirinho.
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Eufemismo- “Calafetados pelo
breu das dores” - (v.7) – Este recurso é utilizado com intuito de intensificar
o difícil trabalho dos pescadores.
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Apóstrofe- “Poveirinhos!” – (v.1) – Este recurso
é utilizado com intuito de identificar o interlocutor do sujeito poético.
Tipo de Rima
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Este poema é um soneto, ou seja, é um texto
poético que contém duas quadras e dois tercetos respetivamente.
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Poveirinhos! meus
velhos pescadores! - A
Na água quisera com vocês morar: - B
Trazer o lindo gorro de três cores, - A
Mestre da lancha Deixem-nos
passar! -B
Quanto
à rima, é cruzada em todo o poema
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Estilo e Linguagem
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Neste poema, é revelado um interesse pelo
provinciano e popular. O autor valoriza a cultura portuguesa e as suas
tradições, nomeadamente a referência principal aos Poveirinhos, que são
pescadores naturais da Póvoa de Varzim. Além disso, António Nobre faz também referência
a figuras da mitologia popular portuguesa, como o Senhor de Matosinhos e a
“Sinhora” dos Aflitos. Quanto à linguagem, o poeta utiliza uma linguagem
simples, direta e coloquial. O tom coloquial utilizado pelo sujeito poético verifica-se,
por exemplo no verso 9, onde se dirige diretamente ao pai.
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Analogia com outros
textos
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Os
Pescadores- Raul Brandão – Raul Brandão, é um dos autores
portugueses que mais se dedicou a explorar a realidade do povo português que
vive do mar. Em “Os Pescadores”, Brandão descreve a dureza da vida dos
pescadores e a sua íntima relação com o mar, que é ao mesmo tempo fonte de
sustento e ameaça constante. Tal como em “Poveirinhos”, Brandão utiliza uma
linguagem que transmite o realismo a compaixão e uma empatia profunda pela vida
dos pescadores, explorando os dilemas e as dificuldades enfrentadas por estes
homens.
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Gente
Feliz com Lágrimas – João de Melo – Embora este romance seja
focado da experiência dos emigrantes açorianos, há uma forte ligação entre o
povo e o mar, além de uma visão semelhante de luta e tristeza que perpassa a
narrativa. Como em “Poveirinhos” a obra de João de Melo apresenta o mar como um
limite físico e psicológico, símbolo das dificuldades e dos sonhos de um povo.
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Mar
Português – Fernando Pessoa – Embora seja retratado de
maneira distinta, o mar está presente em ambos estes poemas. Para Fernando
Pessoa o mar é uma metáfora de um passado glorioso, além de ser um símbolo de
patriotismo. Por outro lado, António Nobre foca-se na dureza da vida do
pescador humilde. Contudo apesar das diferenças estes dois textos celebram o
mar.
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