O poema "nox" de Antero de Quental é um soneto constituído por duas quadras, e 2 tercetos sendo que o mesmo age como uma chave de ouro, o esquema rimatico é ABBA ABBA CDC EDE com rima interpolada em ABBA, e cruzada em CDC e EDE. Constituído por versos decassilabos podendo ainda ser dividido em 2 partes, as duas primeiras quadras, onde o eu lírico, considera cruel a realidade que o rodeia e dirige-se à Noite, realçando a sua angústia por não conseguir travar “tantos ásperos tormentos”, desejando, assim a Morte, e a segunda parte, os dois últimos tercetos onde é então apresentada como resposta libertadora para o sofrimento do eu poético: “E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver,/Dormisse no teu seio inviolável”.
O tema é a angústia existêncial do sujeito poético, na primeira estrofe o eu lirico fala de uma luta constante e desgastante, marcada por "agonia" e "tormentos". Ele descreve essa luta como "estéril" e os tormentos como "inúteis" (VV. 2-4), vendo a noite como um porto seguro onde a dor e o sofrimento podem ser temporariamente esquecidos. A noite "abafa os lamentos", oferecendo uma trégua (VV. 5-6) e ao perceber que o alívio que a noite traz é apenas temporário, o eu lírico começa a desejar uma escuridão eterna, uma paz que não seja apenas um intervalo, mas que perdure para sempre, logo, a morte(VV. 9-10). Por fim, os versos finais encerram o poema com a ideia de uma paz total, onde a existência e a consciência se apagam, e com elas, toda a dor e o sofrimento que o dia e a vida trazem.
As funções sintáticas presentes são associando-se à metáfora “trágica enxovia”, que realça a ideia de que a vida se tornou uma prisão, um lugar de sofrimento, alimentado por um “eterno Mal”, que, personificado, “ruge e desvaria”, a interjeição “Oh!” que introduz a segunda parte do soneto e é utilizada a fim de salientar o desânimo do sujeito poético, "noite" que funciona como vocativo (v-1), personificação(v-6) e apóstrofe (v-1) e "tu" também usado como apóstrofe e demonstram a proximidade que o sujeito lírico tem a mesma tal noite.
E para terminar é possível fazer analogia com o poema "Clepsidra" de Camilo Pessanha uma vez que o mesmo também aborda a fragilidade da vida e o desejo pelo esquecimento e pela paz, refletindo um desencanto similar ao de Antero.
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